terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tattoo - SunShine Skull

Esta tattoo é uma reprodução da obra " SunShine Skull" de Jeremy Ville.
Uma avalanche de figuras, quando vista no detalhe, mostrando a vida desde o nascimento até a morte.
Quando vista no geral, todos os desenhos juntos, a forma de um crânio aparece. Genial!!!



Vale a pena dar uma olhada no site oficial <http://www.jeremyville.com/>, que faz também o papel de loja, vendendo suas criações.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Parceria

Estes dois desenhos foram submetidos a contemplação do Alexandre Rabelo, um sublime escritor e amigo meu, que produziu textos maravilhosos. Dê uma olhada no blog dele também <http://cidadaopop.blogspot.com/> ;-)

Eu, que fui tão somente um giro de sol...

... de talões desnudos, transpus campos de coroas de cristo;
e um passo adiante, pisoteando bolas de algodão em flor,
criei barbas ruivas nas solas sangrentas.

... no meio das mil dunas, tomei da ampulheta apenas,
tornando-me também um senhor do tempo ao fiar linha arenosa
por minha laringe tal couro esticada.

... trespassei fantasmas moluscais com lâminas de prata,
incandescentes. Passantes, amantes; todos eles.

... alentei, em mãos molhadas de oceano, meu umbigo febril,
convulsionado. Linhas frígidas sobre as lesmas de dor.

... emaranhei os cachos da sereia, e vi que teia ainda é seda.
Nas caudas limbosas dos tritões, esfreguei o breu,
até que o atrito se fizesse um sustenido.

... nos olhos fui gotejado de saliva cancerosa. Espessa,
rompendo camadas do céu. Sempre fui um cego.

... enroscando nas próprias lãs, cocei o queixo num pêssego caído.
As manchas da queda eram úmidas como olhos vazados.

... sufoquei a fome com asas de borboleta. tantas quantas pude encontrar.

... tive o rosto a borbulhar, passivo a ventos devassos;
e, escondendo-me sete palmos abaixo das águas,
vi o sol correr de novo de um fim a outro enquanto esperava.

Eu, que soube de cada cicatriz da Natureza,
até a chgada da noite, com as falanges trêmulas,
vesti de pergaminhos as mamilas de alguém.


Se há de haver uma gota, se for uma gota,
que role então - acanhada pêra às pressas colhida -
de pêlo a pêlo rastreando tatos em abandono.
De pêlo a pêlo a alegoria de mineiros caindo em séquito.
- Que caia negra.
Que seja negra e negros sejamos nós.

Se há de haver o artista da multidão,
que crie então - deliberado e conciso, de olhos trêmulos -
de nuca a nuca edifique um frontispício.
De fronte a fronte - as frescas, as cansadas, as machucadas, as aureoladas.
Que crie e tão somente crie. Criar ainda é movimento.
E frágeis de veias a estourar, que sejamos nós
sua obra de arestas mal polidas, inacabadas.

Ainda se arde na terra - calvário luxuoso de nossas torres.
Ainda a terra arde, e com ela nossos tendões - seda dos pés-calcário.
A sombra ainda alenta e tão lenta passa erigindo novos mapas
sobre nós, sobre os convites entregues, sobre o dia. Sobre a terra.
E no fim , refaz sua paz com a lua, seja esta a meretriz.
À noite, a sombra faz as pazes com a lua - fazem seu entoar
de ninar sobre a pele que dissimula os olhares da seda.

Que sejamos para o sol só o que se vê. Só o que se vê.
Como sempre, que sejamos mineiros caídos em diamantes
de arestas e brilho primatas - Feito o sol para a antiguidade.
Para os sequazes os olhos do dia, que sejamos apenas um detalhe.
E para o resto do tempo, que sejamos o resto de nós.